[Você que ama o passado e que não vê]

Há muito, muito tempo venho me esforçando para limpar essa bagunça. Muitas vezes, no meio da madrugada, me vem aquela ideia, aquele rompante de "eu podia escrever isso". Perdi as contas de quantas vezes passei por aqui, dei aquela olhadinha sem compromisso, fechei a porta novamente e logo tratei de encontrar outra coisa mais importante para fazer.

"Aqui" é a definição perfeita de quartinho da bagunça. Aquele onde você guarda fios e cabos pra se um dia precisar, livros que nunca mais vai ler, sacolas de tamanhos diversos para carregar vários nadas, algumas roupas velhas, caixas e caixas de entulhos em geral. Todas as coisas cujo você acredita ter uma utilidade futura, mas que é difícil se desfazer por conta de uma estranha ligação afetiva.

Eu fico relendo coisas que andei escrevendo por aqui há quase dez anos atrás e pensando o quanto eu era... só isso. O quanto eu era. Eu poderia simplesmente apagar tudo e começar do zero, mas olha só pras paredes? As prateleiras já estão instaladas, já tem mesa e cadeira, a cortina é só lavar. Embora as vezes seja mais fácil demolir um cômodo da casa do que simplesmente arrumá-lo.

Estou fazendo. Sem obrigações ou compromissos. O começo é muito, muito chato. Mas estar aqui faz com que, de alguma forma, eu retome uma parte da minha sanidade, e eu preciso muito disso agora. Muita coisa mudou do lado de fora, as coisas precisam mudar aqui dentro também.

Logo eu, que amo o passado...




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